Guest Post, por Augusto Mozine*
Eu já tentei, fiz de tudo pra te esquecer
Eu até encontrei prazer, mas ninguém faz como você
Quanta ilusão, ir pra cama sem emoção
Se o vazio que vem depois só me faz lembrar de nós dois
Nelson… cê já pegou uma Biscate? não sabe o que é Biscate… ah, meu saco! eu explico. como diz o Chico, fio, Biscate é quem te chama pra sambar, te leva pra benzer e vai pegar uma praia… capitou? ainda não! raios… vê se entende então: uma Biscate é quem vive na gandaia e espera que você a respeite; é quem toma conhaque com o tíquete do leite e te serve o pitéu na cama… é alguém pra, por fim, casar na igreja e fugir pra Bahia pra ver o sol nascer…
Agora cê entendeu, né! tinha isso na sua época? chamava cortesã… humm, sei… você pirava nelas também, né!?! então você sabe como é pegar uma Biscate (ou ser pegado, tudo que sobre, desce) fio! fala se não é irado! eu lembro daquelas da minha adolescência… putz, Nelson… toda vez que tinha dança da vassoura nas festas americanas era uma coisa!
Tinha que esperar a hora certa de dançar com a Biscate, não era em qualquer música… enquanto o Rodriguinho d’Os Travessos [uooo-ho-how] não mandasse um “sorria, que eu estou te filmando”, nem adiantava… por quê? ora bolas, porque, Nelson! Porque existia um código pra aproveitar a Biscate da sua vida! vê o vídeo e presta atenção…
Era assim: “toda vez que eu vejo vocêêê” – entrega a vassoura pro menino bonzinho que tava com a biscate; fala oi; espera ela dar um sorrisinho e abaixar a cabeça – “eu sinto uma coisa diferente [diferentiii]” – abraça ela pela cintura, sem indecência e chama ela junto na pegada – “toda vez que eu penso em vocêêê [uhmm-humm] / te vejo nos meu olhos tão carente” – cantando no ouvidinho dela… se ela é Biscate, Nelson, pronto! desmanchou…
Na próxima estrofe, meu querido, começa o jogo! “por que você não cola do meu lado?” – ela deixa você entrelaçar a perna em meio às dela – “esquece os grilos todos do passado” – ela desce uma das mãos da sua nuca para as suas costas… é a senha pra você sair da cintura e segurá-la pelos quadris – “vem comigo e tenta ser feliz” – é a hora da cafungada no cangote…
Se até aí deu tudo certo, fio, não tem mais erro… continua a música: “pare de dizer tá tudo errado” – aquela rebolada – “deixa eu logo ser seu namorado” – já tem pitu no dendê – “o resto é o destino é quem diz” – aí rola o beijo desentupidor de pia que vai durar todo o refrão…
Mas espera, Nelson! ainda não acabou…é na repetição do refrão, naquela hora em que o Rodriguinho já está em êxtase com o cavaquinho chorando e cantando com a cabeça pra cima e de olho fechado, que vem o melhor!!! é aí que você reconhece a nata da biscatagem… vem o tão esperado direito à encoxada…. ahhhh, o direito à encoxada…
É tipo assim… o beijo acabou e o Rodriguinho tá esgoelando um “sorria, que eu estou te filmando” – ela tira as suas mãos dos quadris dela, vira de costas e faz com que você a abrace envolvendo a barriguinha – “sorria, o coração tá gravando / o seu nome aqui dentro de miiim [uooo-ho-how]” – ela dá aquela reboladinha no compasso da música e você passa o queixo no pescoço dela e o nariz na orelhinha – “sorria, que o prazer já vem vindo” – a encoxada tá na velocidade cinco com direito a beijo – “sorria, nosso tá tão lindo” – uma mão espalmada na barriguinha, a outra levemente abaixo do peitinho; a festa americana inteira parou pra gritar e apontar o dedo pra vocês… claro que já tem um sacana te cutucando com a vassoura – “não quero ver você tão triste assiiiiim” – aí tem que voltar à decência… cara vermelha e a boca babada…
Ah, Nelson! o bobó derreteu… Nelson. Nelson?? tava fazendo o que no banheiro, fio? escutou o final? pois é, Nelson… os mino pirava na biscatagi…
*Augusto Mozine é desses. Desses que chega conquistando espaço. Diz-se por aí que ele não gosta de se definir, mas nós por aqui dizemos que é cientista social e surrealista. Se você passar quietinho e com atenção, vai ouvi-lo conversando com estátuas enquanto escreve nonsense pra quem quiser… Se espalha entre O Blog que Habito, Pode isso, Nelson? e Hipérbole Política (um segredinho: é um inveterado apaixonado, sofre e aproveita o melhor e o pior que as pessoas estão dispostas a oferecer…). Quer mais? Segue ele no twitter: @Mozzein
Estava muito mal humorada até ler seu texto. Ele me fez sorrir. Obrigada Nelson, um beijo.
Augusto! Desculpe rrsrs
Olá Tati,
Que bom que gostou! O Nelson, também agradece a preferência! 😉
Se quiser, tem mais dele em: http://podeissonelson.blogspot.com/
Olá Tati, que bom que o efeito valeu a pena. Obrigado! O Nelson manda um beijo.
Se quiser mais dele, pode encontrar em: http://podeissonelson.blogspot.com/ 😉
ai que delícia de texto!
Obrigado, Silvia! Volte sempre! ;p
Sensacional!!! Nelson é vida! ” boneca de trapo, pedaço da vida, que vive perdida no mundo a rolar…farrapo de gente, inconciênte, peca só por prazer – vive para pecar…”
Esse post, com pagode, safadeza, festa americana, me fez sentir adolescente.
Adolescente biscate que não fui.
E me lembrou de um amor biscate, pagodeiro, barriga de tanquinho, torneira grande, que durou seis meses e algumas recaidas. Hoje ele está noivo. E somos amigos.
E pagode me lembra dele, especialmente essa música, do Exalta (ele me ensinou a curtir pagode, sim senhor, Exalta, Rodriguinho e cia. E eu curto, as vezes. )
Tks pelo post.
Me trouxe boas lembranças!
Lê lê! lê lê lê lê lê lê lê!
Lê lê lê lê lê lê lê lê lê!
Lê lê! lê lê lê lê lê lê lê!
Lê lê lê lê lê lê lê lê lê!
Quando a gente se encontrar
Tudo vai ser tão perfeito
Eu quero te curtir demais
E eu vou aliviar
Esse aperto no meu peito
Que vontade, não dá mais
Se no telefone é bom
Imagine aqui bem perto
Eu sentindo o teu calor
Sem medo de ser feliz
Tô com o coração aberto
Com você eu tô esperto….
Já me acostumei
Com o seu jeitinho
De falar no telefone
Besteirinhas prá me provocar
Quando eu te pegar
Cê tá perdida
Vai se arrepender
De um dia ter me tirado
Do meu lugar…
Peço, por favor
Não se apaixone
Pois não sou aquele homem
Que um dia o seu pai sonhou
Eu só tenho cara de santinho
Sempre faço com jeitinho
Coitada de quem acreditou…
Eu prometo te dar carinho
Mas gosto de ser sozinho
Livre pra voar
Quem sabe outro dia
A gente possa
Se encontrar de novo
Prometo te dar carinho
Mas gosto de ser sozinho
Livre pra voar
Quem sabe um outro dia
A gente possa se encontrar…