Orgulho feminista

Por Miss Garden*, Biscate Convidada

Quando recebi o convite pra escrever no blog, fiquei meio em choque. Algo do tipo: “Como assim? Não sou formada, nunca escrevi um artigo, uma nota ou qualquer coisa do gênero.” Mas percebi que é esta a diferença quando se abraça uma causa justa e coerente.

Porque eu precisaria de um diploma? O que tenho que esfregar na cara da sociedade é isto mesmo, minha capacidade de me expressar totalmente fora dos padrões exigidos por aí afora.

Depois de resolvido este conflitinho bobo, veio a pergunta que não se calava: “Sobre o que escrever?”

Logo em seguida me vi procurando inspiração. E foi na mesa do bar, bebendo com as amigas, que olhei em volta e percebi que não haveria melhor pessoa em quem me inspirar, a não ser eu mesma.

Com 36 anos de idade e mãe de duas meninas, me dei conta de que sou livre e sempre fui.
Um dos motivos pelo qual eu agradeço imensamente pela minha liberdade, é o fato de ter crescido sem pai.

Isso pra mim é bárbaro e me enche de orgulho. Existe sensação melhor do que sentir orgulho de você mesma?

Tive o privilégio de ser uma garota que não precisou estar debaixo das regras de um homem, me dando ordens e me dizendo o que fazer, eu concordando ou não.

Isso com certeza ajudou a me fazer quem sou. Me ajudou a ir colocando pra fora toda essa sede de luta e justiça que hoje eu sei o que significa e amo o seu significado.

Chego a amar algumas provocações porque eu tenho argumentos sólidos, válidos e verdadeiros.

O feminismo na minha vida teve um efeito bem interessante: afastou de mim muita gente, no geral aquelas pessoas passionais demais, passivas demais e que usam a palavra feminista num tom perjorativo quando se referem à mim.

Ele também aproximou de mim pessoas que não me julgam e que sem que eu esperasse, o abraçaram comigo com todas as forças. Ou seja, além de toda dignidade, o feminismo só me trouxe coisas boas e a cada dia que passa eu me sinto mais e mais orgulhosa ainda.

Claro que sofro frandes preconceitos e na maioria das vezes, dentro da minha própria família, que por falta de informação, julgam um abuso da minha parte me impor, exigir respeito e passar isso pras minhas filhas.

Os comentários são infinitos, mas quer saber? Eu acho lindo tudo isso, porque não basta ser feminista, tem que ter do seu lado o machismo latente pra luta ficar mais gostosa.

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* Miss Garden é biscaste paulistana, mãe de meninas e amiga de quem merece. Futebol, rock n’roll, tatuagens e cabelo curto, sim. Prefere as crianças aos animais e não abre mão do seu feminismo. Lê muito e diz que não escreve nada (nós discordamos!). Biscateia pela vida cheia de amô. No twitter é @Miss_Garden.

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"se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim..."
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4 respostas para Orgulho feminista

  1. Conhecendo essa história posso afirmar a disposição dessa protagonista, que sempre lutou sobre suas vontades e desejos se impondo sempre. Mone é uma mulher inteligente, sagaz, sexy, sensível, mãe, protetora e respeitável, aquelas diga de se tirar o chapéu, sendo ídola de suas filhas e amigas, pouco se importando com questões sociais referentes ao mundo dos homens e esclarecendo que as mulheres são sim, bem mais correspondentes a suas angustias e caráter! te amo!

  2. Fabio. disse:

    Olá,

    parabéns pela ousadia e pela iniciativa.

    Uma curiosidade sobre a autora, se ela puder responder (é claro).

    Miss Garden, fazendo uma breve retrospectiva do caminho que trilhou para chegar onde chegou (hoje), você acredita que as decisões mais importantes que tomou (como ter filhos, escolha da profissão etc), foram decisões racionais (planejadas)?? Ou consequências de pequenas decisões do dia-dia? Muitas vezes movida por impulsos.

    Explico o porquê da pergunta; recentemente fiz um estudo sobre “trocas intertemporais” e os termos de troca, e de certo modo o que você relatou teve muito a ver com o resultado de algumas pesquisas sobre os efeitos da ausência da figura paterna, na formação do indivíduo.

    Se me permite, concluo fazendo uma observação.

    Acredito que a sua liberdade não necessariamente se deve ao fato de não ter tido um désputa (pois foi assim que pintou a figura paterna) ditando como deveria seguir a sua vida, mas sim ao fato de ter se libertado da idéia de que poderia ter sido diferente (ter sido bom), mérito todo seu, imagino que não tenha sido fácil.

    A tempo, parabéns novamente pela iniciativa e por esta demonstração de força (contrariando o senso comum, relatando um pouco da sua experiência), e pelo seu sucesso como mãe/educadora/amiga e companheira das duas filhas.

    Sucesso !

    Fabio.

  3. Bom Fábio, tudo foi acontecendo naturalmente na minha vida, racionalmente. A decisão pela maternidade, a escolha da profissão, etc. Tenho certeza que se tivesse um ditador na minha vida, eu não teria muitas chances de escolha nem a liberdade pra ser e fazer o que eu sempre quis e fiz.
    Grata pelos elogios.

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