O que achamos da matéria do Delas (IG)

No dia 19 de janeiro fomos entrevistas e citadas para uma matéria no Delas, do portal IG. Segundo contato do jornalista Ricardo Donisete por email “a matéria sobre um movimento na internet, especialmente nas redes sociais, que dissemina montagens de fotos que dividem as mulheres em “biscates” e “pra casar”. Nós estamos discutindo essa onda na pauta, questionando porque esse tipo de preconceito persiste. E porque uma mulher sexualmente liberada ainda assusta parte da população.”

Óbvio que nos prontificamos imediatamente a responder as perguntas. No dia do contato o BiscateSC não tinha completado um mês de vida ainda e como assim já somos fonte de pesquisa sobre o assunto? Curtimos demais a ideia, embora tenhamos comentando (Niara e Luciana) que sabíamos que responderíamos dez perguntas para ter apenas uma (ou poucas) frases recortadas e, talvez, fora de contexto. Mas topamos o risco pela publicidade, por estarmos linkadas no Delas e para estarmos acessíveis para pessoas que não sendo assim talvez jamais tivessem acesso ao BSC.

No final publicaremos as perguntas recebidas e nossas respostas. Mas antes vamos analisar porque achamos que a matéria publicada não correspondeu ao que foi proposto e apresenta equívocos que comprometem conteúdo e intuito.

Existem vários estudos sobre leitura de jornais e matérias jornalísticas. Vários desses estudos nunca foram publicados, ou serviriam de alerta até mesmo aos leitores de como são manipulados por veículos não muito bem intencionados, para dizer o mínimo, mas eles são citados nos cursos de Comunicação Social país afora. Um desses estudos diz que o brasileiro médio entende uma frase que contenha entre dez e quatorze palavras. Mais do que isso, o sentido da frase e do que se queria dizer lhe foge. O mesmo estudo aponta que franceses entendem frases com até dezessete palavras (e, pelamor, não se está pregando a superioridade européia, tá?).

No Brasil, a ampla maioria dos leitores de jornais leem apenas a manchete (título) e olham as fotos com legenda. Alguns chegam a ler o subtítulo e o lide da matéria (e TODO editor de jornal, revista ou site do país tem conhecimento disso). Então vamos analisar o título, subtítulo, imagens e legendas da matéria em questão.

O comportamento sexual de uma piriguete (título) — Panfletos eletrônicos em redes sociais enaltecem a mulher “para casar” em detrimento das que são “só para transar” (subtítulo). Se a pessoa ler apenas essas duas frases vai entender o quê? Certamente não será que a matéria possa ter um conteúdo libertário ou feminista. Que, aliás, não tem. Um dos problemas recorrentes na mídia é a generalização dos comportamentos das mulheres, como se formassem grandes grupos homogêneos e o título da matéria se insere nessa “tradição”. O subtítulo não colabora na elucidação da questão, reforçando a idéia de blocos.

Primeira imagem acompanhada da seguinte legenda: >> Piriguete no dicionário: “moça ou mulher que, não tendo namorado, demonstra interesse por qualquer um” << Sabe-se que a escolha de definições e conceitos não é arbitrária ou neutra. Outras definições do termo piriguete poderiam ter conotações menos restritas como, por exemplo, em outro dicionário a definição de periguete é “(origem duvidosa, talvez de perigo) s. f. [Brasil, Informal]  Mulher considerada desavergonhada ou demasiado liberal. = PIRIGUETE”.

Na segunda imagem, reproduzida do Facebook, vem acompanhada desse texto >> Panfleto circula no Facebook comparando “piriguetes” e “mulheres de verdade” << Mulheres são múltiplas e não é essa ideia fixa de relacionar o valor de uma mulher a sua sexualidade (ou o uso que fazemos dela) que vai nos reduzir a apenas dois tipos. Além do que, as biscates acima dos 30 têm bem mais curvas e histórias para contar que as mocinhas saradas retratadas nessas fotos.

A terceira imagem é uma espécie de tabelinha comparando as piriguetes e as mulheres para casar e vem acompanhada dessa legenda. >> A mulher de verdade seria bonita e confiável, e a piriguete, gostosa e traiçoeira <<

A segunda e a terceira imagem reforçam o estereótipo que a matéria, aparentemente, buscaria deslindar já que o texto que as circunda não discute a premissa básica (não que pretendamos pautar a pauta do jornalista, mas uma definição como “mulher de verdade” implica no necessário contraponto “todas as outras são o quê, de mentira?”) nem questiona as precárias caracterizações de cada grupo.

E a cereja do bolo está na última imagem… O Delas recortou a foto de um cartaz da Marchas das Vadias de São Paulo com uma das frases mais usadas nas SlutWalk que é “não sou puta não sou santa sou livre” e deixou um sutil (#not) “não sou puta” na imagem com a seguinte legenda acompanhando >> Imagem de protesto em São Paulo << sem explicar que protesto era. Essa frase/imagem sem sua dialética é esvaziada da força de protesto e parece ter um valor intrínseco, como se “ser puta” fosse, em si, uma coisa ruim. Não se trata disso no SlutWalk – nem no nosso blog – que, aliás, é referido ao lado da imagem.  (O cartaz já tinha aparecido recortado na cobertura do Delas na Marcha das Vadias de São Paulo. Veja o mesmo cartaz nas fotos dos portais G1 e na foto 28 da cobertura do Vírgula/UOL, que pode ser visto num print screen aqui, e tem ainda o registro em destaque da fotógrafa Elisa Rodrigues)

Já analisamos título, subtítulo e imagens com legendas. Agora pensemos que algumas pessoas leem também o lide (o primeiro parágrafo da matéria) e vamos analisá-lo:

Diz o lide*: >> Tem pipocado na internet nos últimos meses, especialmente nas redes sociais como Facebook e Twitter, uma série de postagens aparentemente fora de seu tempo. Por meio de panfletos e montagens, as mulheres são divididas em dois grupos: as “de verdade” são dóceis, boas para casar e nem sempre estão disponíveis para o sexo – talvez eles cobrem o oposto depois do casamento. Na outra ponta estão as “piriguetes” ou “biscates”, que não freiam o próprio desejo sexual e transam com facilidade. Não há meio-termo. << Se essa é a prévia da matéria, onde a dicotomia entre piriguetes mais do que explicada é reforçada, para quê ler o resto? Já sabemos do que se trata e como ela vai terminar.

Ainda não entendeu? Releia a matéria agora, olhando apenas título, subtítulo e imagens mais legendas e lide e responda: Qual a função da matéria? Certamente não é uma reflexão sobre essa dicotomia tão antiga entre piriguetes e mulheres para casar, mas o reforço desse preconceito.

Infelizmente não podemos analisar o mundo a partir do nosso umbigo (por mais bonito que ele seja – e o nosso é uma lindeza). Nem todo mundo lê e adquire a mesma quantidade de informação diária. É claro que estamos entre privilegiados (ter acesso à internet e leitura), entre pessoas que leem livros e que tem o hábito de ler textos — jornalísticos ou não — até o final, possibilita que busquemos saber onde o autor quis chegar, o que quis dizer, até mesmo nos permite nos posicionarmos diante dele, indicar leitura, crítica ou não. Mas a ampla maioria dos leitores de jornais e revistas no Brasil, versão impressa ou eletrônica, não lê os textos completos. E só da metade para o final é que a matéria traz uma análise da historiadora Mary Del Priori sobre como “a abordagem do sexo de forma banalizada tende a desencadear julgamentos e reações de diversos tipos, inclusive as preconceituosas”. Ou seja, a ampla maioria das pessoas que leu a matéria teve acesso ao que de pior ela poderia oferecer: reforço no preconceito. A prova que as pessoas não chegaram ao final do texto pode estar nos raros acessos no BSC vindos a partir do IG (estamos citadas e linkadas só no finalzinho).

Mesmo tendo citado no meio trecho das nossas respostas e das respostas das Blogueiras Feministas (que assim como nós, foram entrevistadas e se dedicaram a responder elaboradamente) e de uma historiadora para dar maior profundidade na abordagem, no final das contas termina recortando uma frase da Luciana (na verdade a resposta foi conjunta, Niara e Luciana, mas eles insistem em personalizar), e outra de um dos textos do blog, retirada do seu contexto e, de novo, reforçando o preconceito com as piriguetes >> Em um dos textos, uma frase simples encerra qualquer debate: “Nem toda mulher quer dar só pra um”. << Ou seja, piriguete quer dar para todo mundo, no entendimento final da matéria, embora não tenha sido que tenhamos dito.

Sabemos que a culpa não é do jornalista  e nem achamos que a pauta já tenha sido pensada com má fé, é a própria lógica em que pauta e jornalistas estão inseridos que força oferecer todo mundo numa prateleira e a simplificar a vida como um supermercado. Infelizmente a grande imprensa colabora nesse sistema. O ser humano — as mulheres e as biscates incluídas aí — é bem mais complexo que isso. Ainda bem!

Por essas observações e um sentimento de que poderia ter sido melhor, bem melhor do que foi, é que nos demos ao trabalho de escrever essa análise aqui: não achamos positiva a abordagem e lamentamos que bom material tenha sido ignorado. Putz, já que tanto nós, biscates, quanto as blogueiras feministas nos esforçamos para responder as perguntas, eles podiam ter caprichado um pouquinho mais na discussão, afinal desenhamos tão bonitinho… Né?

Seguem as perguntas feitas pelo jornalista Ricardo Donisete e as nossas respostas:

Como surgiu o blog e qual a intenção principal dele? O humor ajuda a quebrar os preconceitos?
O BiscateSC surgiu de discussões e brincadeiras nossas provocadas por uma imagem divulgada no Facebook que trazia seguinte inscrição: “Os homens mais inteligentes são aqueles que se deram conta de que mais vale ter uma mulher incrível ao lado do que uma coleção de biscates”. A discussão sobre a imagem que reproduzia, com novos nomes, a velha dicotomia entre mulher para transar e mulher para casar e o apoio a nossa iniciativa de nos assumirmos como biscates nesse contexto dual, nos levou a pensar na possibilidade de criar um blog coletivo. Quinze dias depois o BSC estava no ar.
Pensamos que o humor é uma forma de devolver o preconceito à sociedade e de lidar de uma forma mais leve com ele. A existência do Biscate Social Club é por si uma ironia com o preconceito que sofremos.

Porque a escolha do termo biscate? Aliás, o que é uma “biscate” para você?
O nome já estava escolhido dentro dessa atitude preconceituosa de classificar as mulheres entre mulher para transar e mulher para casar. Nós apenas nos apropriamos de forma positiva de um termo que é usado para nos desqualificar e tentar classificar as mulheres a partir de sua sexualidade – a partir de como as mulheres vivem sua sexualidade. De forma lúdica nós recusamos os pressupostos imputados ao termo e, através da pluralidade de contribuições, vamos afirmando a diversidade de vivências e reconstruindo o sentido – mesmo que de forma pontual.
Se o conceito de mulher incrível é o de uma mulher que pareça interessante aos olhos de um homem e que precisa de um homem para avalizar, chancelar sua “incribilidade”, biscate são todas as outras que não precisam ser classificadas a partir de um homem, por estarem ao lado de um homem ou ainda por terem sido escolhidas por um homem. Ou seja, pra nós, biscate é a mulher que escolhe, que assume as rédeas da própria vida e sexualidade e não admite essas classificações. Se alguém vai nos classificar, nos classificamos nós mesmas e nos assumimos como biscate.

Sobre essa onda que falei antes, a que divide mulheres entre “biscates” e para “casar”, você consegue imaginar por que um preconceito tão antigo ainda persiste? O curioso é que não apenas homens divulgam essas ideias, mas mulheres também.
O mundo é machista. A sociedade é estruturada a partir de valores e comportamentos machistas que procuram normatizar a sexualidade e este contexto intervém na formação de homens e mulheres. Neste sentido, a reprodução de preconceitos consolidados, mesmo os que oprimem quem os repete, é compreensível. Quanto à persistência dos preconceitos, é importante lembrar que os valores e comportamentos implicados no preconceito contribuem na manutenção de privilégios.

“Biscate é uma mulher livre para fazer o que bem entender, com quem escolher e onde bem quiser”, ressalta o blog de vocês. Essa mulher livre sexualmente ainda assusta parte da sociedade, que tem dificuldade de ver uma mulher como protagonista do prazer dela?
A liberdade que reivindicamos não é apenas sexual. Quem coloca o centro dessa afirmação na nossa sexualidade é quem difunde e perpetua esse preconceito. Nós afirmamos que biscate é uma mulher livre para fazer o que bem quiser — inclusive transar para sempre com o mesmo homem, se assim ELA ACHAR que está certo, sair de saia curta, usar roupa estampada, gargalhar alto, ficar sozinha ou dar para todo mundo se quiser –, com quem escolher — nós somos SUJEITO na escolha e não objetos, porque ser humano nenhum é objeto –, e onde bem quiser.

Não é um contrasenso um homem dizer que a biscate, que supostamente lida bem com o sexo, não é pra casar? Uma mulher “boa de cama” não é o que todo homem quer?
A sua pergunta tem uma série de pressupostos que se deve discutir. Primeiro: lidar bem com o sexo não significa “ser boa de cama”. Significa reconhecer e lidar com nossos próprios desejos, que podem ser, inclusive, não fazer sexo, fazer sexo com outra mulher e não com um homem, etc. Nós – biscates – não somos definidas pelo desejo do outro, mas pela relação de cada uma consigo mesma e com os outros.
A seguir, quanto ao que todo homem quer, nós não podemos responder pelos homens. E nem achamos que alguém possa. Os homens, assim como as mulheres, são diversos em seus desejos, intenções, valores e atitudes. Não imaginamos que todo homem quer “uma mulher boa de cama”, cada um deles deve ter seus anseios, que podem ou não se relacionar estritamente com a sexualidade e podem ou não ter essa sexualidade direcionada a uma mulher. Cabe a nós respeitar a diversidade e especificidade dos homens como demandamos ser respeitadas em nossa diversidade e especificidade.

Por mais  que uma mulher seja segura, não é fácil lidar com os dedos apontados de pessoas que a classificam como vagabunda. Que tipo de mulher consegue lidar com isso sem se abalar?
Quem disse que não nos abalamos? Mas a questão é que o mundo não é menos pesado para as mulheres que “optam” (ou são forçadas, induzidas, manipuladas) por se enquadrarem no padrão “para casar”. Quem admite que a sua felicidade esteja na decisão de outro vai ser feliz quando? E se a mulher aceita se enquadrar nesse conceito de mulher para casar e não é “escolhida” por ninguém para casar, vai ver a vida passar sozinha esperando que uma outra pessoa decida o momento dela ser feliz ou se realizar?
Nós assumimos o ônus de nossas escolhas. E, acrescentamos, existem muitos dedos apontados, mas existe também muito reconhecimento e aceitação. Não por acaso o BSC, com um mês no ar e sem divulgação – a não ser no contexto de nossas redes sociais – tem alcançado muita repercussão positiva, comentários elogiosos e, principalmente, participação com textos de pessoas que lêem o blog e se identificam. No dia que comemoramos um mês, tivemos mais de 5.000 acessos. Isso nos alegra.

Por outro lado, o uso em excesso da  sexualidade da mulher na propaganda e na TV e o culto ao sexo fácil não fragiliza a posição dela na sociedade, virando um mero objeto sexual? Não há uma confusão entre ser sexualmente liberada e em ser vulgar? (dividimos a pergunta para responder melhor)
Achamos que é importante complexificar as questões presentes nesta pergunta. Nenhum contexto pode fazer alguém “tornar-se” alguma coisa, o que pode ocorrer é a pessoa ser vista assim. Apenas o olhar do outro não me faz ser o que ele pensa de mim. Em segundo lugar, sempre ficamos com um pé atrás quando termos que implicam em juízo de valor aparecem atrelados à idéia de sexo. Excesso, por exemplo, dá idéia de que existe um “quantum” adequado pra sexualidade. Por outro lado, entendemos que valores e comportamentos avalizados e reproduzidos pelos meios de comunicação, mantêm e são mantidos pelo conjunto de valores e comportamentos próprios da cultura de nossa sociedade que,  já dissemos, é machista.

(Não há uma confusão entre ser sexualmente liberada e em ser vulgar?)
Se você não se importa, responderemos esta pergunta independente da outra, ok? Nós não julgamos as pessoas e não as classificamos. Não rotulamos: “liberada”, “vulgar”, “independente”… Rótulos são formas de hierarquizar e nós não vemos as pessoas, as mulheres, em níveis. A confusão, se existe alguma, é de quem insiste na dicotomia.

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*Lide: Em jornalismo, lead (é uma expressão inglesa que significa “guia” ou “o que vem à frente”) ou lide é a primeira parte de uma notícia, o primeiro parágrafo que geralmente responde as cinco perguntas básicas da matéria — O quê? ou Quem?; Quando?; Onde?; Como? e; Por quê? –. Segundo Adelmo Genro Filho, em “O Segredo da Pirâmide”, o lide deve descrever a maior singularidade da notícia.
Já o lide do texto de reportagem, ou de revista, não tem a necessidade de responder imediatamente às cinco perguntas. Sua principal função é oferecer uma prévia, como a descrição de uma imagem, do assunto a ser abordado.

Sobre biscatesocialclub

"se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim..."
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28 respostas para O que achamos da matéria do Delas (IG)

  1. Como é que uma entrevista tão BACANA ficou tão BANAL no recorte que foi dado?
    Pootz, dá uma birra dos grandes portais, né não?

  2. Eu não tinha visto a reportagem, estou sabendo agora. O que mais chateia é que a entrevista completa ficou muito legal…

    Infelizmente, acostumada que estou com entrevistas e reportagens intermediadas por mim nas empresas que trabalhei (e horrorizada pois, na maioria das vezes via o povo fazendo idiotices assim) não me surpreendo. Só lamento por eles, que poderiam ter feito algo bem melhor com o excelente material que vcs forneceram.

    Faz parte.

    Bjs!

    Dri

    • Luciana disse:

      Faz parte mesmo, Dri, e sabíamos que não ia ser um passeio tranquilo. Mas valeu pela divulgação e por nos provocar esta reflexão ,né.

  3. Pois é, gurias. Também não entendemos como conseguiram deixar tão ruim. Porque mesmo o jornalista tendo insistido na dicotomia, achamos que ele aproveitaria melhor nossas respostas. Não que sejamos maravilhosas (embora nos achemos ma-ra-vi-lho-sas!!!), mas ele perdeu a chance de fazer uma matéria bacana.
    Beijos!

  4. Acho que desde a infância as publicações dedicadas ao “universo feminino” estão mais interessadas em destruir qualquer tipo de referência positiva que as mulheres possam ter do que qualquer outra coisa. A matéria deles de ontem sobre “as mulheres mais odiadas na contemporaneidade” é um fiasco! Tanta coisa boa pra divulgar e os editoriais insistem em ficar martelando estereótipos. Que bom que existem biscates online pra desenhar!!

    • Luciana disse:

      Eu nem sei o quanto é intenção, o quanto é simplesmente um dos aspectos da estrutura em que estamos, todos, inseridos. Sei mesmo é que é preciso um esforço, uma atenção, pra não reproduzir os mais diversos discursos, né?

  5. Sueli disse:

    Antigamente eu era leitora assídua dessas colunas femininas nos portais, mas agora que consigo ver as coisas com um olhar mais feminista, vejo que todas essas reportagens seguem a mesma linha do “dez mil coisas para enlouquecer um homem na cama”. As dicas soam “biscates”, mas o enfoque é sempre o prazer do homem e não o seu (não que uma biscate não goste de proporcionar prazer ao seu parceiro, mas pelo que essas publicações falam, ele é o único merecedor do prazer). E a reportagem publicada no portal, caiu na velha história do “falou e não disse nada”.

  6. caio disse:

    Eu li essa matéria ai e fiquei com raiva, é um tema bom pra ser debatido mas usando argumentos sensatos. eles forçam mto a barra , criam falacias ridiculas que no final das contas so prejudicam qualquer movimento contra o machismo. Atitude ta alem de tudo, e o texto tenta passar que uma mulher apenas pelo fato de fazer sexo com vários homens esta sendo uma libertaria, combatendo o machismo, e as que são mais reservadas (podendo ser por vontade própria e não por opressão) são mulheres submissas

    • Tocaste num ponto chave, Caio. A mulher é dona do seu nariz e suas vontades, para transar com um ou vários ou simplesmente não transar se assim for de sua vontade. Não é o número de parceiros(as) — e a matéria ainda desconsidera por completo as lésbicas — que a faz melhor ou pior.
      Obrigada pela visita e pelo comentário. Volte sempre. 🙂

  7. Amanda disse:

    Só publicaram o joio… Derrota, hein? Mas vocês fizeram bem de publicar esse post… Abraços

    • No final das contas foi derrota mesmo. Topamos a entrevista porque achamos interessante a publicidade e assumimos os riscos dos recortes e manipulação, mas o acesso vindo do IG foi ínfimo. E no final, parece que colaboramos com a manutenção do preconceito. Por isso decidimos, desde o dia que a matéria foi ao ar, escrever essa análise. É importante que as pessoas se deem conta de como essas matérias são feitas, do material que eles tem a disposição para fazer algo muito melhor e que optam por não fazer.
      Beijo, Amanda!

  8. Sueli disse:

    Eu escrever? Sou tímida kkkk. Mas como eu nunca fujo de um desafio, vou ver o que posso fazer…

  9. Lia Drumond disse:

    Nosss, que ódio que dá. Não isente o jornalista, quando uma pauta é boa, o bom jornalista briga por ela, esse cara foi menor que medíocre…

    • Expomos a situação e preferimos isentar do que sermos injustas. Os pingos estão nos is, a crítica está feita. Gostaríamos muito que o Delas e o jornalista lessem nossa análise e pensassem a respeito. Mas já valeu que todos tenham entendido nossos motivos para termos detestado a matéria.
      Mas é isso, Lia, quando o jornalista quer ele briga pela pauta.
      Beijo!

  10. laurarebessi disse:

    Putz, to achando que vocês falaram muito dificil e ele não entendeu… Ou pior, achou que as/os leitoras/es não iam entender, o que é um dos piores pressupostos que um jornalista pode assumir…

    • Impossível não ter entendido. Para saber escrever é preciso antes saber ler e interpretar textos. Ele é jornalista, né? Os motivos do Delas ter optado por esse perfil para a matéria está desenhado também na sua cobertura da Marcha das Vadias de SP, nós que não tínhamos percebido toda a extensão do problema ainda.
      Beijo, Laura.

  11. Rafaela disse:

    É sempre assim: nós, na vida da biscatagi, nunca somos vistas como seres pensantes perfeitamente capazes de escolher @s noss@s parceiros, ou seja, “damos” pra qualquer um sem critério algum. E é isso que a matéria reforçou pinçando uma frase completamente fora de seu contexto, pois infelizmente são esses sufocantes estereótipos que rendem uma enxurrada de cliques para eles…
    Como isso cansa a minha beleza, dios mío!
    Só nos resta mesmo sentir uma vergonha alheia básica, mas também meter a boca (ui!) no trambone mostrando o que está por trás desses tipos de discursos tão sem noção.
    Abraços!

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  13. Juliana disse:

    Perdeu playboy porque a resposta ficou fina! Jornalista que tá afim corre atrás.
    Tô aqui ainda matutando sobre como ainda não percebem que prazer é quando a gente escolhe se quer, onde, como, com quem, sem quem, com a gente mesma…

    Adorei a aulinha de comunicação.

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